Sobre a Capoeira
A Capoeira mistura de luta, dança e música evidenciada nos tempos da escravidão brasileira se desenvolvendo cada vez mais , é muito praticada no Brasil e no mundo. Conheça a Capoeira, suas origens e tradições.
Origens
A Capoeira é um misto de arte marcial e expressão cultural, em que se mesclam música e dança. O esporte inclui chutes, socos, acrobacias, joelhadas, cabeçadas, cotoveladas e quedas. Contudo, na Capoeira atual não há contato direto. A Capoeira foi idealizada pelos escravos de origem africana como forma de defender-se dos homens brancos em suas fugas. Ao mesmo tempo, a Capoeira reafirma antigas tradições da África, com sua musicalidade e movimentos de dança e.
Para o capoeirista ser considerado um praticante completo, é preciso que ele saiba lutar, tocar os instrumentos típicos da prática e cantar. No ano de 2014, após muitos anos de marginalização, a Capoeira foi reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade.
Origem da palavra
Há duas possibilidades conhecidas para explicar o nome "Capoeira":
- O nome teria origem nos cestos que os escravos utilizavam para transportar aves mortas para os mercados, onde as comercializariam. Enquanto se movimentavam pelas ruas, em raros momentos de "liberdade", os negros faziam movimentos de luta. Esses movimentos seriam conhecidos posteriormente como Capoeira.
- A segunda possibilidade está no termo tupi "kapu'era", que significa "o que foi mata". A palavra denominava áreas desmatadas utilizadas pelos indígenas para a agricultura. Muitas propriedades de senhores de engenho eram circundadas por essas áreas. Em suas fugas, os capoeiristas utilizavam esse tipo de vegetação para esconder-se da perseguição de capitães do mato.
Um pouco de história
Ainda não há consenso entre os historiadores sobre as origens da Capoeira. Para alguns estudiosos, durante o século XVII era tradição entre os povos de Angola fazer uma cerimônia festejando a iniciação dos jovens na vida adulta. Durante os festejos, os adolescentes praticavam uma luta ao som de atabaques. Quem encostava o pé na cabeça do adversário, vencia. O vencedor escolhia entre as jovens iniciadas na vida adulta aquela com quem queria se casar, sem ter de pagar dote.
No Brasil, a prática da Capoeira foi introduzida como forma de defesa. Apesar de os escravos africanos terem sido mais numerosos, eles não tinham acesso a armas. Além disso, violência física, proibição de sua religiosidade e tradições culturais, enfraqueciam os negros, que não conseguiam reagir. Também há outro ponto a considerar: negros de grupos rivais foram trazidos para o país, o que dificultou sua organização. A Capoeira foi uma tentativa de defesa no ambiente hostil e desconhecido que o país representava.
A Capoeira: dos quilombos à disseminação
Rapidamente, a Capoeira passou a ser prática comum entre os quilombolas. Os quilombos eram comunidades que abrigavam não só negros fugidos das senzalas, mas também indígenas e pessoas de outras etnias que se sentiam perseguidos pelo governo português. O Quilombo de Palmares resistiu por mais de cem anos aos ataques das tropas coloniais pela prática da Capoeira.
Com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil em 1808, o país recebeu uma série de benefícios. Isso porque, o país precisava oferecer conforto à corte portuguesa, deixando sua posição de simples colônia. Como o país passou a produzir uma série de produtos antes proibidos, muitos escravos foram transferidos do interior para as grandes cidades da época. No ambiente urbano, a Capoeira se disseminou ainda mais.
No momento em que a escravidão ficou impraticável no país e Portugal se viu forçado a libertar os escravos, a situação dos negros e capoeiristas também mudou. Sem nenhum recurso ou ocupação, muitos negros passaram a usar a Capoeira ilicitamente, para a prática de crimes: alguns passaram a ser capagas, mercenários e assassinos de aluguel. Em 1890, a Capoeira foi proibida. Quem era flagrado praticando Capoeira, era preso e torturado. Assim, a Capoeira e os negros passaram a ser ainda mais malvistos na sociedade.
Atualmente, a Capoeira é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Muitos de seus praticantes viajam para o exterior fazendo apresentações de Capoeira. Hoje, a Capoeira enfatiza muito mais a questão acrobática do que marcial.
Estilos
A Capoeira possui três estilos: Angola, Regional e Contemporânea. Tradicionalmente, todo praticante de Capoeira recebe um apelido, dependendo de suas características ou origem. Esse hábito também remonta à história da Capoeira: os escravos utilizavam apelidos para não serem reconhecidos pelas autoridades policiais.
Angola
A Capoeira Angola é o estilo mais tradicional da luta e mais próximo ao que os escravos praticavam. É caracterizada por ser bastante estratégica, com movimentos furtivos e próximos do chão. Seus praticantes afirmam que é preciso ter muita malícia, dissimulação e teatralização para melhor praticá-la. A Capoeira angola é acompanhada pelo som de três berimbaus, dois pandeiros, um agogô, um atabaque, um agogô e um ganzuá.
Regional
A Capoeira Regional foi idealizada por Mestre Bimba e seu aluno, José Cisnando Lima durante os anos 1920. Ambos acreditavam que a Capoeira estava perdendo sua efetividade marcial e fizeram reestruturações na luta, tornando-a mais objetiva. O Mestre Bimba diminuiu o número de acrobacias e saltos, além de ter incorporado golpes de outras artes marciais como o batuque, praticado nas ruas por seu pai. O sistema de graduações passou a ser utilizado: o calouro, o formado e o formado especializado. Essas graduações eram marcadas com o uso de um lenço na cintura do praticante.
Contemporânea
A partir dos anos 1970, um estilo que misturava as tradições da Capoeira de Angola com as inovações da Capoeira Regional, se tornou muito popular. O estilo que une ambas as tendências é a Capoeira Contemporânea. Para alguns críticos, essa forma descaracteriza essa prática cultural.
Graduação em Capoeira
A Confederação Brasileira de Capoeira regulamenta a prática do esporte no país. Dependendo do nível do aluno, ele receberá graduações através do uso de cordas, conhecidas popularmente como rabos de rato. As cores seguem o padrão da bandeira do Brasil. As cordas são trançadas com nove fios de seda.
- 1º estágio - cordão verde: aluno (1 ano);
- 2º estágio - cordão amarelo: aluno (1 ano);
- 3º estágio - cordão azul: aluno (1 ano);
- 4º estágio - cordão verde-amarelo: aluno (1 ano);
- 5º estágio - cordão verde-azul: aluno (1 ano);
- 6º estágio - cordão amarelo-azul: aluno instrutor (2 anos);
- 7º estágio - cordão verde-amarelo-azul: aluno formado (2 a 3 anos);
- 8º estágio - cordão branco-verde: Monitor (4 a 5 anos);
- 9º estágio - cordão branco-amarelo: Professor (título conferido pelo trabalho feito em Capoeira)
- 10º estágio - cordão branco: Mestre (título conferido pelos mestres mais antigos na arte).
Além de ser uma prática que traz inúmeros benefícios para a saúde, a Capoeira é dinâmica e une o caráter lúdico da dança e da música. Se você deseja sair do sedentarismo e fazer uma prática esportiva, mas não gosta de academia, essa pode ser uma boa sugestão. O esporte também possui vínculos com as artes marciais possui uma história que vale a pena conhecer. Ficou interessado? Procure grupos de Capoeira em sua cidade. Se quiser saber mais sobre Capoeira, acesse o site da Confederação Brasileira de Capoeira.